Profissão de Fé 2014 em consideração à ideologia culinária da Santa Coxinha da Limitada Imaginação vigente:

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Coxinhas nossas que voais pelos céus, que estais necessitadas de novos recheios e intenções, atendeis à sugestão de vossa própria casa: por piedade! Que um refogado do tambaqui amazônico se abrigue em vossos âmagos da mesmice! Não sois tão fanáticas pelos Atalas e seus geniais Doms paulistanos? Então! De tão cansadas em sobrevoar o selvático buraco verde instalado em vossos mapas mentais à la século XIV, em ordem de suprir o Outro oco interior na repetitiva fúria consumista que vos aguarda naquela península florida mais ao norte, que de vossa presença encontra-se já descolorida das nuanças ianques, que tal se vos achardes no meio termo do encontro diluviano-e-de-tempero-tropical do charco tépido negro-colombiano e barrento-peruano do vosso proto-Amazonas?! Ah, infiéis coxinhas, trust me!, sereis iguarias mais finas e menos iguais a toda chatice do demais! Amém!

Sem ingressos pra jogo do Brasil, mas com um país a descobrir.

O futebol é parte fundamental dos alicerces da identidade brasileira. Duela a quién duela. Tem gente que não aceita isso muito bem, considerando que ao ópio do povo é devotado energia em demasia, enquanto matérias mais releventes para a evolução de nossa sociedade sejam sempre relegadas a segundo plano. Pode até ser uma espécie de falha trágica nossa, mas o fato é que o futebol é traço de união da cultura nacional, assim como a língua portuguesa, a MPB, o arroz com feijão, o cafezinho no coador ou a canga estendida na praia… E mesmo quem odeia futebol – sorry! – acaba se traindo e, por meio da famosa negação psicanalítica, adorando-o como todos os demais.

Fazendo um paralelo politicamente incorreto para os tempos atuais, lembro-me de uma anedota atribuída ao espanhol Pablo Picasso, na qual ele repreendia seu filho durante uma tourada, quiçá símbolo mais forte daquele país ibérico: o rapaz horrorizava-se com o acosso do touro pelo matador e acabou levando um pito do pai-pintor malaguenho na linha “é sua cultura, goste-se dela ou não”.

Well, well, well…

Depois do feito de 1958, quando um certo garoto negro de sorriso estridente, no auge de seus apenas 17 anos, liderou a equipe de um pobre país latino-americano em vitória épica sobre os suecos, donos da casa na ocasião, a significação do Brasil num mapa-múndi passou a ser sinônimo de país do futebol. Duela a quién duela. Digamos que somos educados desde miúdos a apreciar o esporte bretão, mundializado mais que qualquer outra modalidade desportiva.

Mas e daí?
Daí que a Copa do Mundo se tornou um vício.
Daí que receber a Copa é o máximo pra quem brincou nos campinhos de terra de nossos cerrados e periferias e/ou decorou as ruas da infância com penduricários verde e amarelo.

Daí que, mesmo não tendo consigo ingressos para partidas do Brasil, remediei a falta de sorte naqueles sorteios com jogos de outras equipes – o que importa, afinal, é ver a competição!
Daí que vou aproveitar o climão da Copa e fazer um mini-tour por quatro cidades-sede (Salvador, Manaus, Fortaleza e São Paulo), seis aeroportos e três estádios. Cidades, aliás, que nunca visitei na vida.

Enfim, a Copa ressuscitou o Tour do Alex.

Mais do que nunca, é preciso viajar. Vamos nessa?!